A XI Semana Acadêmica de Arquitetura e Urbanismo da URI Erechim encerrou suas atividades na noite de sexta-feira, 3, com duas palestras voltadas à sustentabilidade e à tecnologia aplicadas à construção civil. O encontro, realizado no Auditório do Câmpus I, reuniu acadêmicos, professores e profissionais da área.


O professor Alessandro Emílio Valmorbida abriu a programação com a palestra sobre o tijolo ecológico, também conhecido como tijolo modular de solo-cimento. Ele explicou que o material é mais sustentável por dispensar o processo de queima. “A cura é um processo em que o tijolo fica de três a quatro dias secando e já está pronto, não vai para o forno. Por isso, ele é considerado ecológico”, afirmou.
Além de reduzir o impacto ambiental, o sistema oferece vantagens técnicas. “A argila, por si só, já contribui na questão acústica, porque tem grande densidade. Quanto mais denso o material, melhor o isolamento. E na questão térmica é a mesma lógica, como nos filtros de barro, que mantém a temperatura da água. No calor, o ambiente fica mais fresco; no frio, mais aconchegante”, explicou.


Valmorbida também comentou que o método construtivo exige precisão no projeto e execução. “Tem que seguir à risca o processo construtivo. Muitos começaram a fazer sem seguir corretamente e dizem que o sistema não funciona, mas é porque foi feito errado”, pontuou. O professor observou, ainda, a resistência cultural ao uso da técnica. “Nossa região ainda tem essa característica de usar pilar e viga de concreto, parede de alvenaria e reboco. É cultural”, disse.


Sobre o acabamento, ele lembrou que o tijolo ecológico geralmente é deixado aparente. “Pintar com tinta? Pode, mas perde a proposta. A ideia é justamente algo mais natural, mais ecológico”, comentou. Ele também ressaltou a agilidade construtiva. “Com certeza, é mais rápido, porque a estrutura vem pronta. Se for metálica, monta-se a estrutura e assenta-se o tijolo, não tem reboco nem pintura.”
Na sequência, a arquiteta e urbanista Sara Roesler, professora do Curso, ministrou a palestra “Archicad na Prática”, abordando o uso do BIM (Building Information Modeling) como ferramenta para gestão e compatibilização de projetos. O Archicad permite modelar em 3D desde o início do processo e atualizar automaticamente plantas, cortes e fachadas, além de gerar quantitativos e visualizações pelo aplicativo BIMx.
A professora compartilhou a experiência de aplicar o software em projetos desenvolvidos na própria Universidade, como o Centro de Inovação URITECH e explicou a diferença em relação ao método tradicional de desenho. “O AutoCAD é mais manual, porque desenhamos em linhas. O Archicad é mais inteligente: modelamos em 3D desde o início”, observou.


A arquiteta ressaltou os ganhos de produtividade proporcionados pelo BIM. “Acredito muito no Archicad, que tem essa possibilidade de dar mais produtividade e nos permite pensar mais no projeto e menos em representá-lo. Gastamos muito tempo apenas representando e deixando tudo na norma”, afirmou.
Segundo ela, a automação também reduz o retrabalho. “Plantas, portas e fachadas são geradas automaticamente. A produtividade melhora muito, porque você desenvolve o projeto e, ao passar um corte, o software extrai essa informação automaticamente”, explicou.


Sara refletiu ainda sobre o impacto do BIM na rotina profissional. “A vida do arquiteto tem essa imagem de ser cheia de problemas — e realmente resolvemos problemas o tempo todo. Mas acredito que, com o software BIM, conseguimos antecipá-los e ter uma vida mais leve”, comentou.


Ela também mencionou o uso de inteligência artificial para aprimorar as imagens dos projetos. “Eu gerei essas imagens no ChatGPT. Claro que primeiro renderizei no software, mas ele me ajudou muito a melhorar o resultado”, contou. Sobre o BIMx, explicou: “Você pode colocar, por exemplo, um sofá no modelo, e o cliente clicar e acessar o link da loja, vendo o preço e os detalhes do produto.”