Com a realização de um painel empresarial sobre sucessão familiar, teve sequência na quarta-feira, 03, no Auditório da URI, a programação 53ª Semana Acadêmica de Administração. O encontro, conduzido pelo professor Júnior Luiz de Souza, contou com a presença de Fábio Vendruscolo e João Gabriel Vendruscolo, da V-Graf; Márcia Barbieri, sócia da Agros Consultoria; Lucas Broch, diretor de Estratégia Corporativa do Grupo Agros; e Luciano Bettio e Augusto Detoni Bettio, representantes da Bem Estar Móveis e De Bett Persianas e Cortinas. Os convidados relataram suas vivências no meio empresarial e refletiram sobre os caminhos da sucessão familiar.
Durante o painel, foi lembrado que 80% das empresas brasileiras são familiares e responsáveis por 65% dos empregos. No entanto, apenas 12% alcançam a terceira geração. “Na maioria das vezes, o problema não é a falta de mercado, mas os conflitos dentro da própria família”, observou Márcia Barbieri.
A organização interna foi apontada como um dos fatores mais relevantes para a longevidade dos negócios. Luciano Bettio mencionou que suas empresas estão implantando um novo organograma. “É uma forma de deixar as funções claras e evitar confusões”, explicou. O tema da separação entre família e empresa também esteve em evidência. “Temos uma regra de não falar em negócios nos encontros familiares e isso evita muitos problemas”, relatou Bettio. Já o filho Augusto Detoni Bettio mencionou que sua passagem por uma grande corporação antes de ingressar na empresa da família trouxe novas perspectivas. “Foi uma experiência que ajudou a enxergar a gestão de fora para dentro”, comentou.
O processo de sucessão apareceu como um dos pontos centrais. Fábio Vendruscolo contou que costuma ser mais exigente com os filhos que atuam na empresa. “Eles são observados pelos outros funcionários, e é importante que estejam preparados para assumir responsabilidades”, afirmou.
Os participantes reforçaram a necessidade de inovação contínua para manter a competitividade. João Gabriel Vendruscolo afirmou que “o sucesso vem da dedicação e da capacidade de gestão”. Seu pai, Fábio Vendruscolo, acrescentou que a globalização deve ser vista como “uma oportunidade de crescimento, especialmente no campo do marketing digital”.
Além da gestão, o painel também trouxe reflexões sobre o papel social das empresas. Luciano Bettio contou que apoia diversas entidades locais, ressaltando que contribuições podem ir além do aspecto financeiro. Augusto Bettio recordou um projeto em que colaborou na organização de estoques de uma instituição beneficente. “Às vezes, conhecimento vale mais do que dinheiro”, afirmou.
A atividade foi planejada para oferecer aos estudantes uma compreensão prática sobre a dinâmica das empresas familiares e os desafios de alinhar tradição e modernidade. Ex-alunos da URI que hoje ocupam cargos de liderança também relataram suas trajetórias, mostrando como a formação universitária esteve presente em suas escolhas profissionais. Ao final, os convidados reforçaram a carência de profissionais preparados para atuar em áreas como administração e contabilidade, especialmente em setores em expansão como o agronegócio.
O encontro buscou aproximar os acadêmicos das realidades do mercado, mostrando que a continuidade das empresas familiares depende de gestão profissional, inovação permanente e sucessores preparados para dar sequência ao legado.